11 maio 2014

2014 Japão - Notas sobre o Japão



  • Se você não é japonês, a partir do momento que pisa em solo nipônico seu nome passa a ser “O(A)(s) Bárbaro(a)(s)”. É automático.
  • A gentileza do povo com os turistas é muito impressionante. Taxistas que não se assustam com malas enormes (me sentia o próprio australopiteco carregando um mamute); recepcionistas de hotel que fazem reservas, cancelam reservas, fazem reservas de novo e ainda te colocam tudo por escrito, à mão; velhinhas que correm ao nos avistar caminhando pelo parque, pedindo que esperássemos um instante (e nós achando que ela queria nos aplicar um golpe - que visitgodos!) apenas para retornar segundos depois, arfante, com mapas em inglês, gratuitos, claro, porque ela “só estava com versões em japonês”; abordadores em geral que perguntam se precisamos de ajuda com a direção; guias voluntários que falam palavras em português e que nos parabenizam pelos nossos conhecimentos da cultura japonesa (pífios, diga-se de passagem)… É de ficar encantado.
  • Nem um pio no metrô, por favor.
  • Os japoneses são muito respeitadores dos ambientes públicos e da privacidade alheia. Mas em recintos fechados apropriados (restaurantes, bares etc.) a farra é grande!
  • Os trens não têm espaço para malas (na concepção brasileira, médias - na japonesa, mamutes), excetuando o Narita Express, claro.
  • 01 sdd: o gira-gira dos assentos nos trens-bala.
  • Sabe a francomania? Ela já foi popular por todo lado: EUA, Londres, Rio, São Petersburgo… Definitivamente, Tóquio é uma fã de Paris. Todas as filiais de todas as supermarcas, maisons e restaurantes estão lá. Só que em ienes e com polidez.
  • Amo/sou o coro de “irasshamaisssssssse” (bem-vindo) e “arigatou gozaimaaassssssss(u)” (muito obrigado) nas lojas!
  • Sabe o gesto xuxesco de marquei um x? Significa “não" na língua mímica do japonês internacional.
  • Banho público (onsen): 1) Quimono (no frio), yukata (no verão) e roupa de baixo, toalha grande e toalhinha; 2) Desvista-se na antessala. Deixe tudo no armárinho aberto. Tudo, menos a minitoalhinha, que você posiciona sorrateira e casualmente na altura das partes pudendas; 3) Entre na sala de banho com a toalhinha casual, de forma imperiosa e confiante, mas sem presunção; 4) Cumprimente com um bom konichiwa ou konbanwa, rápido e seco; 5) De cócoras, em frente a uma das duchinhas circundantes da banheira, enxágue-se e ao banquinho ao seu lado; 6) Sente no banquinho e, usando a perfumaria disponível (Shiseido, claro), lave os cabelos e use a toalhinha (lembra dela?) como uma esponja; 7) Esfregue sem fim, até estar mais branco que o Michael-they-d’ont-care-about-us; 8) Tire todo o sabão, seu e da toalhinha; 9) Entre na banheira, sem fazer confusão. É quentíssima, movimente-se menos e será melhor. A toalhinha vai na testa ou na borda da banheira, nunca mergulhada; 10) Uns 15 minutos serão suficientes pra maioria; 11) Saia e enxágue-se mais uma vez. Seque-se na antessala e vista a yukata/quimono. 12) Fim.
  • As estações são levadas muuuito a sério. Inclusive pra comida: era tempo do chá verde, que dominava doces, sorvetes, picolés, Kit Kats e, ahn, chás.
  • Engana-se se pensa que só se come a dita comida japonesa como conhecemos aqui no Brasil; a culinária é muito mais variada do que eu supus. Um país relativamente pequeno mas com um range gastronômico muito maior que países com reputação nesse quesito. É facílimo comer maravilhosamente bem em Tóquio e razoavelmente fácil comer muito bem no resto do Japão.
  • A refeição típica japonesa é indistinta da hora em que é servida - café, almoço ou jantar: muito arroz, peixe, misso, ervas, algas, tofu, chá verde.
  • As padarias francesas japonesas são hit.
  • Cuidado com a batata-doce secreta em pães, bolinhos e afins!
  • Hambúrguer + avocado (abacate, em inglês), uma combinação muito anunciada mas nunca praticada.
  • Graças à mão inglesa, a Ciça emplacou o 1º hit: “To the left, to the left… Eu fiquei com o Top 2: Inara.
  • Frases de efeitos: “Partiu, Brasil?”, com baixa adesão. “Tranquiles, Miles”, de tão bobo, pegou. “Um pouco excessivo”, usado excessivamente.
  • Temas de profundidade: “Arte contemporânea: isso é arte?”, by Clara. “Somos fruto do meio”, by Ciça. “Xinto muito”, by Mateus. “Breve história comentada do Japão: do mito à Era Meiji”, by mim.

09 maio 2014

2014 Japão - Tóquio II

09/05 sexta

Nosso trem era cedo, e chegamos em Tóquio lá pelas 11h30. Dá-lhe trem-bala a literais 300 km/h! Em Tóquio, tomamos um táxi até o hotel, desta vez em Shinkuju. Chegando lá, os quartos ainda não estavam prontos. Comemos no McDonalds debaixo do hotel e fomos fazer as compras finais, na big loja de departamentos Odakyu. Lá, o vendedor da câmera da Ciça era um verdadeiro ator performático, cheio de mímicas extremosas e gestos largos; muito engraçado! Satisfeitos com as compras (Tax Refund na hora!), mais Uniqlo rápida e reencontramos Clara e Mateus no hotel, que foram embora antes de acabarmos o shopping. Saímos para mais voltas: descemos em Shibuya - com o cruzamento mais populoso do mundo! Mais voltas, mais shopping. Saímos correndo, de táxi, para chegar lá pras bandas da velha Hibyia, pois a Clara tinha reservado o restaurante derradeiro - japonês clássico, de nome não clássico: Shin Hinomoto ou Andy’s! Lotado, só japoneses, atmosfera descontraída, fumaça, barulho, e comida, muita comida. Tempura, sashimi, miso, guioza, molhinhos, vegetais, saquês sem fim… Uma despedida digna!

10/05


Os vôos mais tarde permitiram acordarmos sem pressa. A estação onde tomaríamos o Narita Express, até o aero, era a própria Shinjuku, do lado. Café por ali, despedidas no trem… Clara e Mateus pra NY, terminal 2; eu e Ciça, Atlanta, terminal 1. Check in, passaporte, segurança, tudo tranks. Destrocamos os ienes (sobraram até!) e almoçamos contando as moedas (sdds Tijolinho!). Enfim, embarcamos na longa jornada, parando na antipática Atlanta por umas horas e chegando em Brasília no domingo cedo... 

05 maio 2014

2014 Japão - Quioto e Nara

05/05 segunda

Chegamos em Quioto lá pelo fim da tarde. Grata surpresa lembrarmos que o hotel era DO LADO da estação. E um big hotel, confortabilíssimo. Como diz a Ciça, chega a ser ofensivo aos parâmetros nipônicos de tamanho de quarto. Saímos sem destino certo, tempo meio chuvoso mas com excelentes perspectivas de melhora. Esperando a garoa passar, tomamos chá da tarde numa casa especializada, verdadeiro festim. Continuamos nosso passeio, logo sem chuva, parques e ruas, mercadinhos. Paramos em Pontocho, à beira do canal, bairro agitado. Vais e vens, comemos no indicado Salvatore, pizzas e massas, lotadíssimo. Voltamos andando (correndo) para casa, parando no mercado para abastecer…

06/05 terça

O dia começou com os templos Higashi Hoganji e Nishi Hoganji, com suas estruturas de madeira fenomenais. Pegamos um táxi até o Castelo de Nijo, muito usado para casamentos! :) Mais um táxi, vencida a discussão táxi-ou-bicicleta, e fomos ao lindo templo do pavilhão dourado, o Kinkakuji. A pé, subimos para o Ryoan-ji, com seu lindo jardim AND “jardim zen-budista de pedras”, onde apenas a Clara conseguiu transcender. Ufa. Mais um táxi, de volta ao centro, tomamos café/almoço na Boulangerie, maravilhosa. Depois, visitamos o vizinho Museu de Kyoto, um pouco inacessível aos não-letrados em japonês.  Voltando a pé, passeamos ao redor do Palácio Imperial, em seus jardins, onde conversamos e filosofamos, em especial com a aula wikipediana do Mateus sobre o xintoísmo (“Xinto muito!”). Mais lanchinho em supermercados, atravessamos o rio correndo em cima de pedras “flutuantes”, e finalmente, Gion, o bairro das gueixas. Muita especulação, se vimos, se não vimos, se eram trainees ou seniores… Acabamos voltando ao Pontocho para jantar, num restaurante suspeito, que servia de tudo, para agradar aos gregos e troianos. Misteriosamente, e barbaramente, como nos é peculiar, pedimos toda a comida do mundo, de arroz com ovo a pizza, de caesar salad a yakutoris, de camarão a porco. Glutonismo define. Mais táxi (era dia deles!) e casa.

07/05 quarta

Se ontem a gente ia de táxi, hoje vamos de busão! O melhor sistema de transporte em Quioto, com mapas superexplicativos, motoristas educados (claro), e excelente sistema. Compramos o passe de um dia e embarcamos para o Ginkakuji, o pavilhão prateado-que-não-é-prateado. De lá, mais bus para Heian Jingu, e os jardins de três estrelas, com suas garças, flores de lótus e pontes. Caminhamos até um McDo, pro Mateus matar a vontade do McAvocado, sem sucesso: tinha esgotado. Mais ônibus, e descemos no Kyomizu-dera, com pagodes e vista para a cidade, além de muitos japoneses e japonesas de quimonos. A pé, visitamos o Rengeoin Sanjusangendo, um templo com um mar de estátuas, muito bacana. De lá para casa era um pulo, mas, ah!, temos o passe, vamos usá-lo! Na estação vizinha ao hotel, com tempo, decidimos ir a uma Uniqlo. Mateus foi ao hotel e nos encontraria lá. Fizemos uma confusão e descemos algumas paradas distante do destino - voltamos passando por dentro dos bairrinhos de Quioto, peculiares. Chegamos lá, muito down, nada muito interessante. Voltamos, fizemos um tour pela estação de trem (gigante), escadaria de led colorido, restaurante italiano (o Café Ante) e cama!

08/05 quinta


Começamos o dia na estação, tomando o trem até Fushimi Inari Taisha, uma colina com mais de 10.000 tori (aqueles arcos xintoístas). Muito gráfico! Subimos até metade dela e voltamos. Tomamos o trem e continuamos nossa viag até Nara. Um café na padaria francesa (deunpra perceber que são muitas no Japāo?) e fomos ao Kofuku-ji, com muitas estátuas de divindades budistas. O museu anexo é bem legal, com budas gigantes. Seguindo pelo parque nacional, com muitos cervos soltos e interativos (a "vida selvagem" da Ciça), fomos a Todai-ji, com, aí sim, o biggest Buda. O parque é cheio de templos e santuários. Por fim, Kasuga-taisha, cheio de lanternas. Voltamos à estação no fim da tarde, mais padaria e Quioto. Para despedirmos da cidade, fomos ao Donguri, restaurante recomendado de okonomiyaki, na nossa própria cabine-mesa-chapa-quente. Novamente, barbarizamos à beça, guiozas, panquecas, yakisoba, drink-de-laranja-parece-sem-álcool-mas-tem-sim... Comenos tudo que tinha!

03 maio 2014

2014 Japão - Takayama

03/05 sábado

Ainda era cedo quando, já de café tomado, fizemos check out. Cancelamos o ônibus que não era mais necessário e saímos para passear em nos jardins do palácio imperial. Dia solar, valeu a pena. Em Marunochi, invertemos a ordem e tomamos o sorvete de chocolate do Cacao Sampaka, delícia, para depois almoçarmos (cedo) no café-padaria La Boutique, do famoso chef Joel Robuchon. Voltamos ao hotel, pegamos o táxi e fomos para imensa estação de Tóquio, com antecedência suficiente. A viagem foi no trem bala, shinkansen, confortável, até Nagoya, depois trem local, quase só nosso,  até Takayama. Clima frio, táxi, direto pro ryokan Marayama, tradicional hospedaria japonesa, com futtons, paredes de papel, banhos coletivos de imersão e cafés da manhã tradicionais. Já era de noite, não havia mais jantar (só reservado) e tivemos que andar no escuro e no frio, meio sem direção, em busca do restaurante-salvação. Depois de descermos a colina, e atravessarmos a passagem do assassino das facas Ginsu, o Mateus localizou o bendito, da rede Yoshinoya (Advogados Associados?). Suspeitosos, pedimos. A Ciça delirou com o curry sem carne, e, de panças cheias, voltamos morro acima. 

04/05 domingo

Meu aniversário começou com um banho de imersão solitário na casa de banhos privativa. Não podia banhar sozinho, mas eu não sabia! Deu tudo certo, era 06 h da manhã afinal. Tomamos o café meio-a-meio, japa e ocidental,, experimentando e tateando. Depois subimos para a vila Hida Takayama, com casinhas de época montadas de forma cênica. Pitoresco. Voltamos, passamos em frente ao triste Teddy Bear, e descemos pra cidade. Começamos pela Takayama Jinya, centro administrativo histórico, muito bem conservado. Depois, ruinha de compras, lotada, supersol, muita experimentação de sakes, além de sucos maravilhosos e panquequinhas com queijo. Hummmm. A seguir, entramos em Yoshijima-ke, casa típica de mercadores ricos, onde tomamos um chá verde gentilmente ofertado. Mais voltinhas pela cidade, Clara e Mateus alugaram bikes e eu e Ciça ficamos pela town, presenciando diversas "procissões" que ocorriam, super coloridas, com os “floats”, altares (nem tão) portáteis. Voltamos e nos reencontramos todos em casa. Mais banhos onsen, desta vez coletivos. Ganhei presente dos meninos, delicious!  Saímos pra jantar. Ficamos zanzando de lugar em lugar, rejeitados pelo avançado da hora (20h30!) até encontrarmos um lugar tradicional - o Karakuri - mesa no chão, chapa na mesa, fumaça, sem sapatos. Pedimos saquê quente e Hida Beef, típico da região, muito bom mesmo. Sucesso de comemoração!

05/05 segunda


Desta vez, só café ocidental pra nós - mais palatável. Banho onsen, malas fechadas, tudo pronto. Pedimos ao recepcionista um cartaz que estava espalhado pela cidade e tentamos até surrupiar em ocasiões anteriores; ele gentilmente não apenas deu o cartaz como providenciou embalagem! São muito prestativos. A Ciça amou. Deixamos Sonhos de Valsa como agradecimento. Pegamos o shuttle bus, dirigido pelo ator/gerente do hotel, muito simpático, apelidado de Murayama por nós. Eu e Mateus fizemos uma corrida até a loja de saquês pra uma compra final, com direito a mais suco e panquequinhas no trajeto. O trem foi tranquilo, com conexão em Nagoya de novo.